VÍTOR DAMAS

Damas nasceu em Lisboa a 8 de Outubro de 1947 e aos 14 anos entrou para o Sporting, trazido por um vizinho que jogava ténis de mesa.

A posição de guarda-redes não era a ambicionada pelo jogador, que queria ser avançado, tal como Vasques e Travassos, os seus ídolos. Mas, como era o mais pequeno da «rapaziada», se quisesse jogar teria de ser a guarda-redes.

O primeiro grande jogo realizado foi contra o Benfica, quando Damas integrava a equipa de juvenis. O jogo não lhe correu bem: «nos dias anteriores todo eu era uma pilha! Quando entrei no rectângulo o estádio parecia um mundo. Veio o primeiro remate e saltei à gato para recolher o esférico… mas passou-me por baixo da barriga. Felizmente que a bola embateu no poste e ressaltou para fora. Todavia o meu nervosismo originou dois golos para os encarnados e ao segundo não pude mais. Saí debulhado em lágrimas, sentindo o peso do fracasso, para mim de dimensões imensuráveis. Porém, no ano seguinte, em 1962, já tinha vencido essas debilidades psicológicas, tudo nos correu bem e o Sporting alcançou o título nacional, vencendo, em Leiria, a Académica de forma concludente, por 5-1. Era o meu primeiro título nacional.»

Em 1968 fez o primeiro jogo para o Campeonato Nacional da I Divisão, frente ao ao Guimarães, onde sofreu dois golos e passou novamente a suplente de Carvalho. Quando faltavam seis jornadas para o final do Campeonato agarrou a titularidade e nunca mais a deixou.

Em 1976 foi para o Santander e por lá ficou durante cinco anos. Quando voltou a Portugal foi jogar no Vitória de Guimarães, onde Pedroto conseguiu, finalmente, trabalhar com o guarda-redes dos seus sonhos, «as pessoas já me consideravam velho com 32 anos, mas mais nove haveria de jogar. Só me posso arrepender de não ter entrado em Portugal directamente para Alvalade».

Voltou ao Sporting como o filho pródigo, mas não conseguiu concretizar o grande sonho de ser novamente Campeão Nacional.

 Em 1984 integrou o grupo de 22 seleccionados que disputou e se classificou em terceiro lugar no Europeu de França. Foi suplente de Manuel Bento, o outro grande guarda-redes da sua geração.

No ano de 1986 despediu-se da selecção, com duas presenças na fase final do Campeonato do Mundo realizado no México, substituindo o lesionado Bento.

Estreara-se nesse posto 17 anos antes, em 1969, precisamente contra o México.

Vítor Damas era elegante na baliza, tudo nele era agilidade, intuição e espectáculo.

Ao serviço do Sporting venceu o Campeonato Nacional em 1969/70 e em 1973/74. Conquistou três Taças de Portugal em 1970/71, 1972/73 e 1973/74. Foi 30 vezes internacional pela selecção “A”.

Terminou a carreira em Dezembro de 1987, com 40 anos. Durante um treino chocou com Tony Sealy e fracturou a omoplata. Foi o ponto final na sua carreira.

Um ano depois, Jorge Gonçalves convidou-o para treinador adjunto de Pedro Rocha. Passou a técnico principal em Fevereiro de 1989, para regressar a treinador adjunto.

Foi treinador dos guarda-redes do plantel sénior até 1999, altura em que passou a treinador principal do então clube-satélite, Lourinhanse. Treinou a equipa B em 2001, saindo no final da época.

Faleceu a 13 de Setembro de 2003, vítima de doença prolongada.

 CURRICULUM:
Nome: Vítor Manuel Afonso Damas de Oliveira
Local de Nascimento: Lisboa
Data de Nascimento: 8 de Outubro de 1947
Início de Carreira no Sporting: 1961
Títulos conquistados ao serviço do Sporting:
    2 Campeonatos Nacionais (1969/70 e 1973/74) 
    3 Taças de Portugal (1970/71, 1972/73 e 1973/74)

Internacionalizações: 30

 

 

 ALBANO, O "DIABÓLICO"

Principais características: Velocidade, criatividade e uma invulgar disposição perante a competição.

Galardões: Prémio Stromp, na categoria "Saudade", em 1998.

Momentos de ouro: Na Selecção Nacional, numa partida frente à Escócia, fintou um defesa contrário, de nome Young, passando-lhe por entre as pernas.

Curiosidades: O Sporting pagou ao Barreirense pela sua transferência a astronómica quantia, para a altura, de 20.000 escudos.

Abandono: Jogou até aos 35 anos, terminando a sua ligação ao Clube em Julho de 1957, numa festa de homenagem. Faleceu no início da década de noventa.

 CURRICULUM:
Nome Completo: Albano Narciso Pereira
Data de Nascimento: 22 de Dezembro de 1922
Naturalidade: Seixal
Posição: Extremo esquerdo
Internacionalizações: 15
Clubes representados: Barreirense, Seixal e Sporting

Títulos conquistados: 
    Oito Campeonatos Nacionais (incluindo um "tricampeonato" e um "tetracampeonato"): 1943/44, 1946/47, 1947/48, 1948/49, 1950/51, 1951/52, 1952/53 e 1953/54
    Quatro Taças de Portugal: 1944/45, 1945/46, 1947/48 e 1953/54

No Sporting: 
    No total: 510 jogos/249 golos
    No Campeonato Nacional: 240 jogos/118 golos
    Estreia: 12 de Setembro de 1943

 

 

ANSELMO FERNANDEZ

Anselmo Fernandez nasceu em Lisboa a 21 de Agosto de 1918 e faleceu a 19 de Janeiro de 2000, em Madrid, aos 81 anos de idade.

Aos 16 anos, em 1933, iniciou a carreira de futebolista no Sporting, mas uma apendicite afastou-o da equipa principal dos «leões», na altura treinada por Joseph Szabo, e aos 27 anos de idade deixou definitivamente o futebol para se dedicar ao râguebi. No âmbito do desporto ainda se dedicou à arbitragem e ganhou um prémio incluído na equipa do juíz internacional Joaquim Campos.

Em 1962 estreou-se como treinador do Sporting, vindo curiosamente a substituir Szabo. Arquitecto de profissão, Anselmo Fernandez tinha um estilo de treino muito próprio, tendo sido o primeiro técnico a recorrer aos vídeos para que os seus jogadores pudessem visionar as equipas adversárias.

Em 1964, Anselmo Fernandez e a equipa por ele orientada fizeram história no futebol nacional, ao conquistarem a Taça das Taças, feito único em Portugal. Nessa época, o «arquitecto» como era carinhosamente chamado, veio substituir Gentil Cardoso, o treinador brasileiro que estava à frente da equipa do Sporting.

Durante todo o tempo que treinou a equipa «leonina» a caminho da conquista do "sonho" em Antuérpia, Anselmo Fernandez não quis receber um tostão que fosse do clube. No entanto, quando Brás Medeiros assumiu a presidência do Sporting, Jaime Duarte decidiu propor-lhe um contrato oficial, mas a sua forte personalidade marcava-o em certos momentos: «ofereceram-me 15 contos por mês, valor que, naquela altura, era baixo para um treinador, sobretudo depois da vitória na Taça das Taças. Só recebi um mês, já que na época seguinte após a vitória por 4-0 sobre o Bordéus demiti-me, porque antes desse jogo o vice-presidente Pereira Silva decidiu enviar aos emigrantes em França uma carta de captação de simpatias, com as assinaturas de 11 jogadores. Leu a carta, ao almoço, embevecido, perguntou-me a opinião, disse-lhe que a ideia era gira, mas que achava que, por enquanto, ainda era eu o treinador, não percebendo, por isso,  porque estavam lá aqueles 11 nomes e não outros. Ganhámos e...em Lisboa, demiti-me. Nunca mais voltei ao Sporting...».

Mais tarde, já treinador da CUF, o destino traiu-o num acidente de viação, ficando às portas da morte. Foi sujeito a uma delicada operação ao cérebro, pelo dr. Vasconcelos Marques, famoso neurocirurgião de Salazar, lutou como um desalmado contra a morte e conseguiu vencê-la.

Anselmo Fernandez foi ainda um dos responsáveis, em parceria com Sá da Costa, pelos projectos de construção do Estádio José Alvalade, pelos quais não aceitou qualquer tipo de remuneração.

Como arquitecto projectou ainda a construção do Hotel Tivoli, da Reitoria da Universidade, das Faculdades de Letras e de Direito de Lisboa.

 CURRICULUM:
Nome: Anselmo Fernandez
Local de Nascimento: Lisboa
Data de Nascimento: 21 de Agosto  de 1918
Início de carreira no Sporting: 1962/63
Títulos conquistados ao serviço do Sporting:
    1 Taça das Taças (1963/64)

 

 

 

CARLOS GOMES

Carlos António do Carmo Costa Gomes nasceu no Barreiro, a 18 de Janeiro de 1932. Protagonizou uma das carreiras mais atribuladas do futebol português, muito por culpa da sua forte convicção e irreverência.

Com uma vocação fabulosa para o lugar de guarda-redes, aos 18 anos ingressou em Alvalade, vindo do Barreirense, tal como João Azevedo. Quando os dirigentes «leoninos» foram a sua casa para o contratar não se conteve, falando das injustiças sociais, da dignidade violada, do desrespeito e forma esclavagista de tratar os jogadores como se fossem mera mercadoria.

Disseram-lhe que se calasse, que o Barreirense receberia 50 contos pela transferência e ele mais 10. Não se calou, e exigiu 50 só para si. Ribeiro Ferreira, presidente do Sporting, sabendo que precisava de um guarda-redes para substituir Azevedo, cedeu. Seria suplente de Azevedo, «o gato de Frankfurt» durante um ano, e aos 19 anos a camisola número 1 já era sua.

Depressa se tornou ídolo dos sportinguistas, e ao longo de seis anos foi somando títulos, multas e suspensões. Descontente com a remuneração que auferia no Sporting, depois de se sagrar novamente campeão em 1957/58 e após um largo «braço-de-ferro», transferiu-se para o futebol espanhol pela mão de Alejandro Scopelli, que o levou para Granada. Em Espanha conseguiu uma remuneração oito vezes superior à que auferia em Portugal. O Sporting também ganhou bom dinheiro com o negócio (um milhão de pesetas).

Os clubes grandes continuaram na sua peugada, concretamente o Real Madrid e o Barcelona, mas os dirigentes «leoninos» deixaram-no apenas transferir-se para o Oviedo. Pelo meio, o Benfica ainda tentou contratá-lo, utilizando o Salgueiros como intermediário. Em 1961 regressou a Lisboa, para assinar de novo pelo Sporting, exigiu o salário mais alto da equipa, e o acordo não se concretizou.

Ofereceu-se ao Atlético, tinha 29 anos, mas foi acusado de violação por uma rapariga, na altura empregada num dos seus negócios, uma loja de fotografias. Jurou que tinha sido uma cilada montada pela PIDE e por dirigentes do Sporting, e fugiu para o exílio. Num jogo contra o Guimarães, simulou uma lesão logo após o intervalo, e escapou-se para terras espanholas.

Mais tarde contou o plano, «concentrei-me com a equipa, para não levantar suspeitas. Tentaria não só fazer um bom jogo, como teria de lesionar-me, porque enquanto durasse a cura, ninguém haveria de suspeitar e ganharia alguns dias preciosos. Não fiz um jogo extraordinário, mas lesionei-me como o previsto. Perto do vestiário, voltei-me para  terreno e para o público, enquanto chorava em silêncio...».

De Espanha seguiu para Marrocos. Ainda jogou em Tânger, no clube da...polícia. Conseguiu, mais tarde o estatuto de refugiado político. As suas exibições fizeram tal furor que emissários do Rei de Marrocos o convidaram a fazer-se muçulmano e a mudar de nome e nacionalidade. Não aceitou. Em 1963 foi liberto pelo Sporting, jogou mais dois anos, mas continuou ligado ao futebol, tornando-se treinador de sucesso, passou pela Argélia e Tunísia, regressando a Portugal nos anos 80.

Radicou-se depois em Espanha, onde possui negócios de hotelaria.

Como guarda-redes tinha uma curiosidade, actuava na baliza sempre vestido de preto. Um dia, um jornalista espanhol perguntou-lhe o motivo. E ele não o escondeu: «visto-me de preto, pois enquanto o futebol português estiver nas mãos dos doutores está de luto.»

Faleceu a 17 de Outubro de 2005, no Barreiro, vítima de doença prolongada.

 CURRICULUM:
Nome: Carlos António do Carmo Costa Gomes
Local de Nascimento: Barreiro
Data de Nascimento: 18 de Janeiro de 1932
Início de Carreira no Sporting: 1950/51
Títulos conquistados ao serviço do Sporting:
    4 Campeonatos Nacionais (1951/52, 1952/53, 1953/54 e 1957/58)
    1 Taça de Portugal (1953/54)
Internacionalizações: 18


 

 

 

JOAQUIM CARVALHO

Joaquim da Silva Carvalho nasceu a 18 de  Abril de 1937, no Barreiro.

Começou por jogar num clube da terra onde nasceu, o Luso do Barreiro, e as suas exibições na baliza levaram-no a treinar no Benfica. Não agradou, e pouco tempo mais tarde, em 1958, uma festa de aniversário do Luso, na qual o Sporting foi clube convidado, haveria de mudar a sua vida.

Fez uma exibição de "encher o olho", que levou os responsáveis "leoninos" a contratá-lo para as suas fileiras.
Quando o Sporting foi Campeão em 1961/62 já Carvalho começava a dar nas vistas, mas ainda não passava da condição de suplente de Libânio.

Na época seguinte assumiu a titularidade da baliza "leonina", e não mais a perdeu durante cinco anos. Só em 1967 viria a ceder o seu posto a Vítor Damas, a nova grande esperança do Clube.

Foi o único,  a par de Fernando Mendes,  a realizar todos os jogos da Taça da Taças que o Sporting conquistou em 1964, permitindo-lhe receber 73 contos de prémio total.

A sua forte personalidade mostrou-se determinante em certos momentos, como no jogo da finalíssima em Antuérpia, em que deu dois estalos no moçambicano Péridis, para «lhe tirar o nervoso», após ter cometido um erro que poderia ter sido fatal para a equipa. Após a reprimenda os nervos desapareceram.

Carvalho era também um homem sensível, como o atestam duas outras histórias. Na mesma final da Taça das Taças levou uma estátua de Santa Filomena para o proteger na baliza, e dois anos depois, quando o Sporting foi Campeão, desfaleceu em campo no final da partida que decidiu o título.

Representou o Sporting durante 12 anos, efectuou 466 jogos na baliza "leonina", abandonando o Clube em 1971, transferindo-se para o Atlético. Ao longo dos anos, ao serviço do Sporting, conquistou uma Taça das Taças, três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal, duas Taças de Honra, uma Taça Teresa Herrera e uma Taça de Angola.

Integrou por seis vezes a Selecção Nacional, todas elas na época de 1965/66.

A sua estreia aconteceu num jogo de apuramento para o Campeonato de Mundo, com uma vitória por 3-1 frente à Hungria. Fez parte do lote dos 22 "magriços" que conquistaram o 3º lugar no Mundial de 66.

Foi distinguido com a Medalha de Mérito, com a Medalha da Cultura de Lisboa e com a Baliza de Prata.
Em 1988 iniciou a carreira de técnico dos escalões de formação, onde conquistou vários títulos, em todos os escalões.  
 

 CURRICULUM
Nome: Joaquim da Silva Carvalho
Local de Nascimento: Barreiro
Data de Nascimento:  18 de Abril de 1937
Início de Carreira no Sporting: 1958
Títulos conquistados ao serviço do Sporting: 
    3 Campeonatos Nacionais (1961/62, 1965/66 e 1969/70)
    1 Taça de Portugal (1962/63)
    1 Taça das Taças (1963/64)
    1 Troféu Teresa Herrera (1962/63)
Internacionalizações: 6

 

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